quarta-feira, 18 de abril de 2012

História da Igreja (parte I)

A ATITUDE DA IGREJA PERANTE A BÍBLIA :

DA IGREJA PRIMITIVA A LUTERO



Que a Bíblia é a Palavra de Deus, inerrante e de suprema autoridade divina, sempre foi  a conivicção de todos os cristãos e mestres do cristianismo no decorrer dos primeiros 1700 anos de história da igreja. Com exceção de alguns livres pensadores escolásticos , como Abelardo, jamais nenhum estudioso constestou de fato tal convicção. Os primeiros teólogos acolheram simplesmente a doutrina da autoridade bíblica com base em um entendimento da Escritura de que compartilhavam tanto o judaísmo tanaíta quanto os cristãos primitivos.
A  autoridade divinas com base naquilo dque se presume, e não com base no que ali se articula explicitamente, podemos delinear claramente a doutrina sobre a Escritura postulada pela igreja primitiva e por sua liderança teológica tomando como referência a era pós-apostólica e chegando até a época da Reforma.

DA IGREJA PÓS-APOSTÓLICA ATÉ JERÓNIMO E AGOSTINHO


A igreja e a sinagoga da era pós-apóstolica tinham uma visão basicamente idêntica no que diz respeito à Escritura. O judaísmo tanaíta normativo não professa em seu ensinamento nada além do que era ensinado explícita ou implicitamente nas Escrituras do AT. Embora seus principios hermenêuticoe sua interpretação diferissem daqueles ensinados pelos autores do NT e pelos pais da igreja primitiva , sua compreensão acerca da natureza da autoridade bíblica parece Ter sido a mesma.

Os pais da igreja Primitiva , chamados apostólos, e também os apologetas, sempre aceitaram o AT como divinamente inspirado e revestido de autoridade muito tempo antes da fixação do cânom neotestementário. Tal como os apóstolos no livro de Atos, citavam consistentemente o AT e o tinham como digno de autoridade apra a proclamação do evangelho cirstão.

Antigo Testamento era considerado um livro especificamente cristão, que pertencia muito mais à igreja do que à sinagoga, já que testemunhava de Cristo e de sua glória (1Pe 1.10-12). Os apologetas foram efetivamente levados à fé em Cristo por meio das Escrituras veterostestamentárias , embora possamos afirmar com muita segurança que foram, via de regra, persuadidos pelo testemunho apostólico e pela compreensão que tinham do AT. Em última análise , Cristo, o Senhor ressurreto , era o intérprete final do AT, e sua palavra podia ser encontrada na tradição apostólica e nos escritos do NT.
Só depois da época dos apologetas é que os escritos do NT foram aceitos juntamente com os do AT. Essa mudança foi conseqüência da aceitação gradual do cânon neostestementário. O NT conquistava, portanto, a mais completa autoridade ao lado do AT. Os dois passavam agora a ser vistos como uma unidade.
Enquanto isso, uma outra posição começava a tomar forma e a se articular. Paralelamente a um comprometimento total com as Escrituras como norma para toda doutrina , começava a se desenvolver uma convicção nova e manifesta relativamente à autoridade da tradição oral.  Essa tradição passava de geração em  geração e fque remonta aos apostólos e destes diretamente a Jesus Cristo, não contradiz de forma alguma as Escrituras.  Na verdade , foi de grande ajuda à igreja na interpretação das Escrituras e, de modo especial , na sintetização da fé cristã, protegendo dessa forma os cristãos contra as aberrações dos gnósticos e de outros hereges. Para Tertuliano e Ireneu, responsáveis pelo desenvolvimento dessa linha , tal tradição apostólica , que transmitia fielmente o ensinamento de Cristo , era, a exemplo da Escritura , infalível. É provavelmente verdadeiro o fato de que nem Tertuliano , nem Ireneu timham em mente subordinar a Escritura à tradição não escrita. Somente a Escritura poderia, em última análise, antenticar a tradição. Contudo, ao mesmo tempo, a continuidade da tradição era necessária para fazer frente às distroções e ás interpretações heréticas da Escritura.

A partir do século III até a época da Reforma , tendo sobrevivido depois dessa época na Igreja Católica Romana. Tal posição levou, em última análise, ao ensinamento do Concílio de Trento, segundo o qual a Escritura e a tradição não escrita – que, na verdade, tem sempre como formulação de doutrinas.

Os comentários e tratados de todo tipo buscavam igualmente na Escritura a fonte para sua doutrina. Ireneu , em seu Contra as Heresias , cita a Escritura não menos do que 1200 vezes. Em declarações de princípios, Ireneu afirma: “Devemos acreditar em Deus, que nos concedeu o correto entendimento , uma vez que são perfeitas as Escrituras Sagradas, porque por meio delas nos falam a Palavra de Deus e o seu Espírito”.

Depois de Clemente e Orígenes , a vaga ideía de um cânom de fé foi paulatinamente substituída por credos diversos e pela liturgia como forma de tradição não escrita, os quais , juntamente com a Escritura , serviam como base para doutrina na igreja. É importante acrescentar que a liturgia, sobretudo os credos mais antigos, foram eleaborados e estruturados com base na Escritura.

Os pais cristãos diferiam dos jprimeiros judeus quanto à origem da Torá. Os judeus acreditavam que a torá  havia sido criada por Deus milhares de anos antes da criação do mundo e que, no tempo apropriado, Deus a entregara a Moisés sem a mediação do Espírito. A teologia rabínica diferenciava a Torá do restante das Escrituras do AT, embroa acreditasse que toda ela fosse inspirada.

Se a Escritura é verdadeiramente a Palavra de Deus, não em sentido metafórico ou metonímico, qual seria então a função dos autores humanos da Bíblia de acorodo com os pais da Igreja Primitiva ; ou , em outras palavras, que relação há entre o Espírito Santo e os autores sagrados no momento em que escrevem a Escritura. A Escritura é inspirada , ou seja , é produto do sopro divino quanto aos profetas e apóstolos (“autores da Escrituras eram inspirados”).

            (fenomenoi , ou seja , impelidos pelo Espírito Santo, v. 2pe 1.21). É interessante observar que Jerônimo traduziu tanto o theopneustos de 2Timoteo 3.16 e o theromenoi de 2pedro 1.21 pelo mesmo termo latino ( inspirata, ou inspirati), provocando assim alguma confusão, a menos que distingamos entre inspiração das Escrituras e inspiração (algo totalmente diferente) dos autores sagrados.Normalmente os pais gregos falavam da relação do Espírito com os autores da Escritura quando empregavam o termo inspirado e seus sinônimos.
           
            Na teologia da Igreja primitiva a relação dos autores das Escrituras com o Espírito Santo , os autores humanos eram instrumentos ou órgãos do Espírito Santo. Agostinho usava consistentemente o caso albativo quando se referia à obra do Espírito Santo e a preposição per quando se referia á obra dos autores bíblicos, explicitando assim o papel instrumental desempenhado pelos profetas e apóstolos na obra de redação da Escritura. Deus é o autor primarius (verdadeiro autor) da Escritura , e os autores bíblicos , os órgãos por emio dos quais ele falava.

            Agostinho , por exemplo , em seu De consensu evangelisstarum, deixa isso muito claro e mostra reiteradas vezes as motivações humanas e a seletividade que impeliram os evangelisstas a escrever o que escreveram. Orígenes repudia claramente qualquer comparação entre a inspiração dos autores bíblicos e os oráculos extáticos do paganismo.

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